MÃES MUDANDO O MUNDO
Vejo posts
sobre o dia das mães. Muitos deles estão voltados para mostrar o trabalhão que
é ser mãe e homenagear as mulheres que se dedicam à maternidade, e que de fato são
heroínas por conseguir administrar tantas coisas num dia de só 24 horas. Alguns
desses posts, numa onda mais recente ainda, são voltados aos homens, tanto para
que eles comecem a entender as mulheres e o que é ser mãe, como para que eles
desenvolvam uma nova paternidade, ativa e participativa. São posts provenientes
de uma cultura emergente que o mundo da humanização do parto e nascimento ajudou
a construir. De fato, revisitar a forma como exercemos a maternidade e
paternidade e revalorizá-los é inevitável, pois não basta ter um parto
consciente, e depois? Depois temos uma legião crescente de mulheres que
descobrem que o pós-parto é solitário e que a maternidade é um desafio diário.
O desafio
começa em casa, com mães, sogras e maridos nem sempre solidário e antenados com
os novos valores. O conflito de papeis se torna evidente, pois uma vez que a
mulher entra num pensamento crítico e ativo com relação à própria maternidade
ela cria um cenário diferente em casa, intencionalmente ou não. Informar-se
sobre parto e apaixonar-se pela humanização leva a aprender, a questionar, a
crescer. Descobrindo novas verdades e pontos de vista, uma mulher vai querer
mais, vai se desenvolver como pessoa e desenvolver novas vocações e formas de
viver e pensar a vida.
E o que
acontece com as relações? Acontece que elas entram em crise. Tem outro jeito?
Não. Não tem como desaprender o que foi aprendido ou voltar à inconsciência de
antes. Ir adiante é um caminho de mão única. O que requer que o modelo de
relacionamento mude. Novamente, cabe às mulheres, assim como questionaram o
sistema obstétrico e enfrentaram resistências e desafios, fazer o mesmo em suas
relações.
Maternidade
ativa requer paternidade ativa.
Mulheres
progredindo requerem homens acompanhando.
Mulheres
questionando requerem homens com a mente aberta a novas possibilidades.
Mulheres
revendo seus papeis requerem homens dispostos a sair de sua zona de conforto.
Mulheres recodificando
o que é ser mulher e a feminilidade requerem homens em condição de repensar o
que é ser homem e a masculinidade.
“Requerem”
por efeito inevitável de seu progresso.
Mas não
termina aqui. Mulheres que exercem mil e uma função são heroínas mas também
vítimas de uma sociedade que está construída sobre valores que negam importância
à relação, às crianças, ao apego, à empatia, à sinceridade, à sensibilidade, ao
feminino, ao amor em geral, e que está estruturada sobre o uso de recursos
humanos (homens e mulheres) espremendo deles tudo o possível pare depois
despejá-los quando não servem mais. Uma sociedade que preza aparências,
consumo, status e dinheiro.
Conseguir
praticar a maternidade ativa nesse contexto é necessariamente uma empreitada
que resultará imperfeita e esgotante, tanto física quanto emocionalmente. Não
se sintam em culpa, portanto. Quando formos valorizar a maternidade,
lembremo-nos de colocá-la em seu real contexto: um desafio humano e social gigantesco.
Surgiu com a humanização do parto um novo feminismo, semeando uma nova
revolução que tem repercussões infinitas.
Minha
mensagem: mulheres leoas percebam o tamanho de sua luta, percebam que vocês são
as próprias sementes para criação de uma sociedade mais justas, igualitária,
bonita, harmoniosa e amorosa. E esse trabalhão é feito de dois aspectos: cuidar
da cria de forma consciente e cuidar de si. Porque vocês são o alicerce da
mudança.
Adriana
Tanese Nogueira
Terapeuta
Transpessoal, Psicanalista, Life Coach, Educadora Perinatal, Orientação Pais,
Terapeuta Floral, Consultora, Palestrante e Autora. Atendimento adulto,
criança, casal e adolescente. Consultoria em empresas e serviços de saúde.
Presencial, Skype, WhatsApp, telefone. Boca Raton, FL +15613055321. www.adrianatanesenogueira.org.
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